domingo, 23 de março de 2008

Primeiro texto feito na facul d Jornalismo xD

Enquanto seu lobo não vem...

Beijo, kiss, beso, kuss, bassium, qui-wen, bacio, bisou… Seja qual for o idioma todos gostam de receber um beijo no rosto, um selinho, um beijo de esquimó, um beijo de tirar o fôlego - como os das novelas, quando o mocinho fica com a mocinha - e eu não sou diferente: Chamo-me Nina e tenho 19 anos.
Aos sete anos estava na fase “meninos, eca!”, mas, mesmo assim, tinha uma paixãozinha escondida pelo Matheus. No dia dos namorados, quando cheguei à porta da escola, fui arrastada ─ literalmente ─ por minhas amigas e quando estava próxima a porta da sala deparei-me com o meu amor infantil, com um presente nas mãos. Na hora não acreditei, por dentro pulava de felicidade, e por fora estava “vermelhinha.” Aproximei-me dele, envergonhada, e ele me disse: “Quer ser minha namorada?”. Estava muito nervosa, não conseguiria responder uma única palavra, respondi apenas acenando a cabeça como um sinal positivo. Ele sorriu de orelha a orelha, aproximou-se e encostou seus lábios no meu rostinho vermelho ─ de vergonha ─, nesta hora escutei um “smack” e quase “me derreti toda”.
É engraçado o fato de que quando somos crianças as coisas parecem maiores do que são. Lembro-me que depois do ocorrido saímos de mãos dadas para a sala de aula, felizes por estarmos namorando. E esse foi o meu primeiro beijo especial.
Alguns anos mais tarde, precisamente cinco anos depois, aos meus 12 anos, o Matheus já era passado e agora “só tinha olhos” para o Marcelo. Sentia-me linda e graciosa, com o meu vestido vermelho, sapatilhas pretas e um leve batom cor-de-rosa, e estava na festa da Claudinha. Estava meio quieta, sentada em uma mesa em frente à pista de dança. Nesta hora pensava coisas do tipo: “O Marcelo não vem!” e “Ele nunca olharia para mim!”... Doce Ilusão, na mesma hora alguém sentou ao meu lado, virei-me para reclamar alegando que queria ficar sozinha. Ao abrir a boca fechei-a imediatamente, o Marcelinho estava ao meu lado. Vendo que ficaria calada ele falou: “Oi Nina, Tudo bom? Porque está aqui sozinha?”, eu saindo do transe respondi: “Oi, tudo sim. Eu não quero dançar, então sentei.”. Ele olhou-me com uma expressão fofa no rosto, aproximou-se e roçou seu nariz no meu. Foi um gesto tão bonito, com tanto carinho, tanto sentimento... Depois eu encostei minha cabeça em seu ombro e ficamos assim por alguns minutos, e esse beijo de esquimó foi o segundo beijo marcante na minha vida.
No dia seguinte eu acordei feliz da vida, não sabia se o Marcelo sentia algo especial por mim, mas tinha esperança. Arrumei-me, tomei café da manhã e fui para o colégio. Chegando lá, ele esperava-me na porta da sala, com uma rosa nas mãos ─ engraçado como a cena parecia familiar com o meu primeiro amor aos sete anos ─. Fui até ele e recebi a rosa, como agradecimento sorri e ele presenteou-me mais uma vez, desta vez com um selinho. Fiquei atônita, não esperava tal ato. Como um leve tocar de lábios me deixou tão feliz?
Aos 15 anos lembrava-me vagamente do Matheus e do Marcelo, agora minha paixão adolescente era pelo Mauricio. Ele não morava na minha cidade, estava só por uma temporada, isso não me importava, o amor era maior. Era fim de semana, sairia com meus amigos, porque não chamá-lo para ir junto? Convidei-o e para minha surpresa ele aceitou o convite. Não acreditei, pulei em cima da cama com meus amigos rindo da minha cara de boba, gritei e saí correndo, tinha que escolher uma roupa bem bonita. Estava quase pronta quando ele mandou-me uma mensagem avisando estar na portaria do prédio. Gelei, minha barriga embrulhou e minha coragem foi embora. Desci apressada, e lá estava ele, lindo com uma sandália nos pés, uma bermuda xadrez e uma camisa branca. Caminhei ao seu encontro, falei um oi meio tímido e beijei seu rosto. Meus amigos já nos esperavam, fomos para um barzinho. Tiramos fotos, conversamos, rimos... Alice, minha amiga, pediu-me para acompanhá-la até o banheiro, fui e esperei-a na porta. Estava impaciente, ela demorava demais, olhei para a porta do banheiro masculino e lá estava ele. Veio ao meu encontro e sem nenhuma palavra segurou-me pela cintura e beijou-me. Foi um beijo único, começou meio envergonhado, calmo, ele pediu permissão para sua língua ir de encontro a minha, permiti. Foi um momento mágico, único, mais do que especial, sem dúvida o meu melhor beijo.
Agora tenho meus 19 anos, e estou sentada na cama com o meu grande amor ao lado, não é mais um desconhecido, não é uma paixão adolescente, não é um amor de verão. Não moro na mesma cidade, nem no mesmo país, fui encontrar o meu amor, o meu Mauricio e os beijos agora são intermináveis... E o nosso amor também.
Débora Barreto